domingo, março 06, 2005

O jeito Teixeirinha de prefeitar

O autor desta coluna sempre sentiu o ego massageado com elogios às suas linhas. A vanglória é inerente à condição humana.
Saber que um texto meu está ecoando pelos cantos da cidade, devo confessar, é por demais gratificante.
Agora, quando o Estado Maior da província sente o golpe e demonstra uma falta de norte com o poder das palavras, caros leitores, a vaidade deste reles escriba sobe às alturas.
Vejam se não tenho razão, pois além de vaidoso, o titular deste espaço é um notório defensor da pluralidade de pensamento. Sustentado por um ferrenho respeito ao contraditório e embriagado pela chance de um auto-confete, reproduzo, a seguir, mensagem enviada à coluna pelo prefeito Laércio Teixeirinha:
“Caro Lauro, admito sem delongas que as plumas deste tucano ficaram eriçadas com a brutal repercussão da Entrevista por mim concedida à sua prestigiada coluna. Os canais de comunicação da Prefeitura foram inundados por uma tempestade de mensagens de protesto às minhas declarações. Veja só você, que terrível injustiça, dentre tantos adjetivos sórdidos, me chamaram de arrogante, prepotente, pedante e parlapatão. Choque é o que senti com as barbaridades contidas nas agressivas queixas dos munícipes.
Repilo com veemência qualquer tentativa inescrupulosa de colocar-me na vala comum da politicagem tupiniquim. Minha conduta política não se coaduna, em nenhuma hipótese, com barbalhices planaltinas, travessuras colloridas ou malufadas sorrateiras. Não. Absolutamente não.
Modestamente, reconheço que seu talento nato para inquirir pode ter me induzido involuntariamente a replicar de maneira deselegante às suas ardilosas indagações. E, querido Lauro, ardil, aqui, é no melhor sentido da palavra. É como devem atuar os bons repórteres. A provocação, neste caso, é ferramenta de trabalho.
Jamais intentei desqualifica-lo ou diminuí-lo na nobre função jornalística. Se o fiz, peço desculpas, pois não foi meu propósito atacar um sanjoanense de tão nobre cepa. Uma pessoa criada na tranqüila Tereziano Vallim do passado. Um bom rapaz que sentou nos bancos escolares do tradicional Joaquim José. Um homem que teve seu berço alicerçado pela força da aristocracia rural dos Borges aliada à sobriedade intelectual do professor Augusto Bittencourt. Não, meu caro, este prefeito que vos dirige o verbo não seria capaz de tamanha heresia.
Finalizando, peço sua permissão para, por alguns instantes, me livrar das incômodas amarras da modéstia e dizer que, na Entrevista, citei o neologismo “jeito Teixeirinha de prefeitar”. Acharam que era fanfarrice. Não era.
A História me fará justiça. Nas enciclopédias do amanhã, não tenho nenhuma dúvida, ao lado dos verbetes trabalhismo da era Vargas e desenvolvimentismo da era Juscelino vai estar grafado para a posteridade o prefeitismo da era Teixeirinha.
Um cordial abraço, do sempre amigo,
Laércio Limão Teixeirinha.”