domingo, março 06, 2005

O professor Acacio

Em respeito a inúmeros amigos e leitores que se solidarizaram a este escriba em razão da publicação da réplica ao artigo de Acacio Vaz de Lima Filho, volto ao tema para rebater a nebulosa tréplica redigida pelo articulista.
Acacio continua valendo-se de uma oratória erudita para iludir os incautos. Usa e abusa de um vocabulário floreado e cheio de citações para sustentar seu amargo extremismo. Coloca uma vistosa embalagem num produto de segunda.
Um artigo opinativo não é uma petição inicial ou uma contestação. Não vou ficar me guiando por formalismos e tecnicalidades para exercer a liberdade de expressão. O articulista diz que invocar direito de resposta é “atécnico” e “pedante”. Pode até ser, mas não sou covarde nem imbecil para ouvir quieto um amontoado de bobagens.
Peço desculpas ao ilustre advogado se demonstrei intimidade ao chamá-lo de “Acacinho”. Realmente não tenho, e nem quero ter, intimidade com arautos de regimes totalitários.
Quanto a insinuação de não respeitar os mais velhos, vou ser bem didático como gosta o senhor Acacio: respeitar os mais velhos não significa concordar com estes quando emanam idéias absurdas e desconexas com o mundo em que vivemos. Respeito a pessoa, mas desprezo seu ideário intolerante.
O articulista volta a demonstrar ignorância e descompasso com a realidade ao dizer que a mídia trata Fidel Castro com “benevolência”. Só se ele estiver falando da imprensa oficial cubana. Os meios de comunicação noticiam à exaustão as mazelas do sofrido povo cubano.
É verdade que em 1964 havia uma repulsa popular ao comunismo. Disse e repito: o regime marxista deveria ser combatido dentro da legalidade, sem afrontar o Estado de Direito. O advogado radical não perde o vício da má-fé quando afirma que existia um clamor da sociedade pela ditadura. O povo brasileiro, ao contrário do que pensa o senhor Acacio, não se restringe à meia dúzia de direitistas membros da TFP.
Novamente o articulista expõe sua faceta cômica ao opinar que os governantes apenas “reagiram” ao radicalismo das esquerdas. Vamos voltar ao didatismo tão apregoado pelo professor e advogado. O senhor deve se lembrar das aulas de Direito Penal da São Francisco em que o tema era excludentes de ilicitude. O juiz só acata a tese da legítima defesa quando o ofendido reage proporcionalmente ao ataque do agressor. Repito, proporcionalmente.
É necessário uma intervenção cirúrgica para cicatrizar um ferimento superficial???!!!
O senhor Acacio foge do foco da polêmica ao desviar suas linhas para detalhes biográficos de Luis Carlos Prestes e Carlos Marighela. Conheço as histórias e acho irrelevante ficar discutindo as patentes ou não patentes de Prestes e Marighela. O articulista quer tergiversar com questões menores para escapar ao centro da divergência.
Nos anos de chumbo a Faculdade do Largo de São Francisco realmente era o centro nervoso da política nacional. O então estudante deve ter aproveitado muito mal este efervescente período pois é muito sofrível em matéria de consciência política. Como um operador das leis pode defender com tanta veemência a ruptura da legalidade? Sinto-me insultado ao ouvir um “colega” advogado achincalhando a democracia.
Aceito o carimbo de “panfletário”. Panfletário, com muito orgulho, das liberdades individuais e do respeito às instituições.
Continuar defendendo a censura é abraçar de vez a máxima “me engana que eu gosto”. O povo, segundo o senhor Acacio, só deve ver o que passa pelo “filtro moral” implacável dos censores. Que país maravilhoso!!!!
Ressalto, ainda, que esta divergência ideológica dificilmente chegaria às páginas do O Município nos tempos da ditadura. Os direitistas não precisavam gastar o intelecto para discutir com os opositores. Acionavam o aparelho repressor estatal e pau-de-arara nos adversários políticos. Foi o Luis Nassif, insuspeito e respeitado jornalista, que disse com todas as letras: Acacio Vaz de Lima Filho dedurava oponentes e os entregava aos porões dos quartéis.
É possível que tenha incorrido em tropeços gramaticais, ainda mais na árida matéria de crase, mas prefiro cometê-los ao invés de tropeçar no bom senso e defender um regime que praticava a tortura. Português torto mas moral reta.
Finalmente vou concordar com o articulista que arroga-se com uma inequívoca vocação para professor. Sim, é verdade, Acacio é um grande professor.
Professor titular da cadeira de Truculência na Universidade da Ditadura.

P.S. Da minha parte dou por encerrada a polêmica. Se o outro articulista insistir na produção de ensaios cômicos, que continue só.

14 Comments:

At 1:48 PM, Anonymous Josue Firmo said...

Boa tarde!
Como posso ter o contato do Prof. Dr. Acácio Vaz de Lima?

 
At 9:41 PM, Anonymous Lauro said...

caro Josué, não sei, mas sugiro enviar um e-mail para o Mackenzie. o indigitado leciona lá.

 
At 11:14 AM, Blogger Unknown said...

elee é meu professor no Mackenzie de História das Instituições juridicas xD

 
At 4:09 PM, Anonymous Anônimo said...

ELE É MEU PROFESSOR DE ÉTICA!! E NÃO CONSIGO NEM DESCREVER COMO ISSO É INDIGNANTE PARA MIM...

 
At 6:54 PM, Anonymous Anônimo said...

Sei que este post é antigo, mas tive que comentar. O que esperar de um cara que na juventude participou de um grupo neonazista que fazia ataques terroristas e era considerado pelos próprios companheiros como psicopata?

Fiquei horrorizada ao ler que ele dá aulas de...ética!!!

Aqui uma página de uma revista Cruzeiro da época, que o cita...

http://2.bp.blogspot.com/_OWbZuumvt5E/S0bNRV7sKgI/AAAAAAAABiI/VSJucIAwfiA/s1600-h/o+cruzeiro-+ccc+-+p%C3%83%C2%A1gina+3.jpg

 
At 6:54 PM, Anonymous Anônimo said...

Opa...o post que tem a matéria na íntegra é esse aqui:

http://cloacanews.blogspot.com.br/2010/01/exclusivo-boris-casoy-e-o-comando-do.html

 
At 2:58 PM, Anonymous Anônimo said...

Esse Acácio tinha um pai digno, respeitado em toda a São João da Boa Vista. E um avô que despertava ainda mais respeito de todos. Ele, tratado como Acacinho na cidade, era tido como alcoólatra e psicopata, não só por suas características físicas (próprias de um troglodita, a quem só faltava o tacape), mas pelas ações que praticava quando são (que se dirá, então, quando bebia!).

 
At 5:55 PM, Anonymous Anônimo said...

ele eh meu professor e vou dizer uma coisa...ele toca o terror na sala de aula!! alguem devia prender esse infeliz

 
At 8:53 PM, Blogger blogteste said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 12:18 PM, Anonymous isa said...

Gosto dele :)

 
At 5:33 AM, Anonymous Anônimo said...

grupo neonazista?? hahahahahah ai ai ai.... qual é, sério que vocês queriam o regime comunista no Brasil????

Ele foi meu professor, colocava o terror nos alunos dentro da sala, mas mesmo assim fomos adultos o suficiente para nao julga-lo pelo q ele fez a 50 anos atras...

PARABENS ACACIO... voce nos salvou do comunismo!

 
At 5:32 PM, Blogger Unknown said...

Conheci o Acácio na Faculdade de Direito da USP. Fomos contemporâneos. Sempre cordato, jovem educado, amigo de todos e muito preparado. Um intelectual. Merecia o meu respeito. O que dele se fala são simples inverdades.

 
At 8:22 PM, Anonymous Anônimo said...

O prof. Acácio fez fama como terrorista e psicopata.Escolheu defender as elites escravagistas vá lá saber o porque.Muito bom professor de direito romano,mas seu alcoolismo não o poupou de ser duramente criticado a ponto de deixar a ser indicado como desembargador do tribunal de S.Paulo e várias críticas a sua conduta.Deveria rever suas ações.

 
At 9:49 AM, Blogger Unknown said...

Fui contemporâneo, na Faculdade de Direito da USP - Arcadas, do Acácio. Professávamos os meus ideais, todos contra o esquerdismo radical de nossos Colegas. Acácio e eu tivemos um bom relacionamento. Ele era mais atuante e impulsivo. Todavia, uma pessoa de ótima criação e formação.

 

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