domingo, março 06, 2005

O TiraLeitinho

Bem poderia iniciar este texto com uma auto-louvação: “sucesso absoluto de público e crítica, a coluna recebeu borbotões de e-mails e reabre espaço pra mais dois destemidos perguntadores que, com inequívoca verve crítica, deixarão o prefeito numa tremenda saia-justa.”
Pura falta de inspiração. Esta é a verdade. Usurpo das indagações destes leitores retardatários e “viajo na maionese” de novo pra bobajear supostas respostas do tucano mais empertigado desta Sanja crepuscular.
Como o prefeito avalia suas realizações no período em que esteve à frente da Prefeitura? (E.J.O.)
Pingou na área eu estufo a rede. Linda pergunta pra mais bela das respostas. O prefeito, permita-me a 3ª pessoa pra falar do mito, avalia sua gestão como um divisor de águas na história da cidade. Nunca se fez tanto em prol dos menos favorecidos. Tem o projeto Pingapura, em que a Prefeitura subsidia nos botecos da periferia duas doses de boa cachaça pra os labutadores pais de família que não dispensam uma cana pra se refazer. Mais do que o justo refazimento, estes trabalhadores têm na mardita um “toma-coragem” pra enfrentar a ira das patroas. E, vamos e venhamos, a mulherada de hoje em dia tá de amargar. Outra “menina” dos meus olhos é o projeto TiraLeitinho. Idealizei o TiraLeitinho visitando os estábulos do tio Haroldo. Titio tinha um rebanho leiteiro que só fazia dar despesas. Mandei alugar as vaquinhas do tio e as espalhei em “milk-points” estrategicamente escolhidos. A “dona maria” pega o seu latãozinho e se dirige à mimosa mais próxima, onde, ela mesma ordenha o leitinho das crianças. O TiraLeitinho enche o bucho da molecada e o bolso do tio Haroldo.
Qual a importância da honestidade na administração do dinheiro público? (A.P.P.)
Total importância. O prefeito é probo, honrado, foi crismado, assiste missas dominicais, brinca de cavalinho com os filhos, não deixa toalha molhada em cima da cama, não alaga o banheiro e põe o lixo na rua sempre que a mulher pede. Ah, escreve aí também que o prefeito toma sopa sem fazer barulho. Não basta ser honesto, tem que parecer honesto.

p.s. Em “Os Intocáveis” Kevin Costner na pele do agente Eliot Ness combatia o gangsterismo da Chicago dos anos 30. Entre uma ação e outra filosofava: “é bom ser casado”. Faltam-me os atributos físicos do galã de Hollywood e a retidão do policial Ness, mas, neste 14 de Julho de 2004 ao completar 15 anos de casamento, o escriba lustra a aliança e confessa concordar em gênero, número e grau com a assertiva. É bom ser casado!