domingo, março 06, 2005

Palmeirinha: lembranças e saudades do velho alçapão

Dia destes ao remexer guardados antigos encontrei uma velha e surrada bandeira alvi-negra. Fiquei surpreso e intentei jogá-la no lixo.
Por que um tricolor até a raiz dos cabelos preservaria entre tantos objetos de estima um antigo estandarte da fiel mosqueteira????
Lembrei!! Alvi-negra, sim, coríntiana, não.
A bandeira preta e branca foi confeccionada por minha avó, Dona Fiuca, especialmente para a final da então 3ª Divisão de Profissionais. O ano era 1979 e o nosso Palmeirinha, se a memória não me trai, foi campeão e ascendeu à Segundona jogando contra a Guairense.
Segurando o velho pano mergulhei em boas lembranças. O futebol sanjoanense está tão apagado que, aos 29 anos, já estou saudosista. Bons tempos.
Bons tempos...
...em que o Palmeirinha mandava seus jogos no Getúlio Vargas Filho.
...em que o bambuzal atrás do velho estádio era uma ameaça a árbitros mal intencionados. (“Olha o bambu, juiz!!”)
...em que torcíamos pelo Palmeirinha petiscando os amendoins torrados do “seo” Mancini.
...em que o Chupetinha azucrinava o bandeirinha. (Ver o jogo, nada. O prazer do velho Chupeta era correr acompanhando o assistente e gritando palavrões.)
...em que eu assistia os jogos atrás do gol para atirar gelo de raspadinha no goleiro visitante.
...em que um dos meus grandes prazeres de moleque era ser gandula em Vila Manoel Cecílio, trajando aquele horrível shorts preto com camiseta branca.
...em que os jogos noturnos eram disputados à luz de velas. (Os refletores mais pareciam iluminação de boate.)
...em que a Torcida Uniformizada Lobos da Vila incendiava o pequeno alçapão.
...em que Piau fazia gols do meio-campo.
...em que Ari fazia gols olímpicos.
...em que assistia Mirandinha, ao vivo, correndo de cabeça baixa e fazendo gols.
...em que Norinha defendia o arco palmeirino envergando um uniforme (hoje, horrível) bordô.
...em que João Bacana era o eterno interino. (Caía o técnico e lá estava ele para tampar o buraco.)
...em que gente abnegada e apaixonada como Dr. Antenor, Bento Palermo, Severiano Palomo e tantos outros eram a força motriz do futebol local.
...em que grudava os olhos no campo e o ouvido na Piratininga para saber do plantão de Fábio Silveira a quantas ia o meu tricolor. (Fabinho Silveira nos informava da “suntuosa” Sala Nacional de Esportes. Na minha ingenuidade de criança imaginava um local cheio de aparatos tecnológicos para receber notícias ininterruptamente. Que nada. Tempos depois vim a saber que a “nababesca” sala eram os acanhados estúdios da Piratininga.)
Lembranças e saudades de um tempo bom e de um futebol romântico que já não existem mais.