domingo, março 06, 2005

Penas peçonhentas

Profetas apocalípticos estes meus colegas do Correio. Gente maldosa, apóstolos da catástrofe que adoram reverberar notícias negativas. São, por interesses espúrios, talvez, incapazes de ver as coisas por uma ótica menos desgraçada.
Mania chata esta de estragar o sábado do leitorado com apontamentos eivados de veneno.
A bem da salutar controvérsia, este colunista, não menos venenoso, vai advogar para os alvos de penas tão peçonhentas.
A perversidade começa na página 2, num editorial colérico. O editorialista devia estar de mal com o mundo quando disse que o Executivo municipal nada faz pra atenuar a chaga do desemprego. Só um cegueta pra grafar tamanha barbaridade.
Convido o míope rabiscador pra um tour pelo Distrito Industrial. Lá ele vai prostrar-se contrito diante da pujança industrial da cidade. Chaminés cuspindo fumaça e progresso. Máquinas manufaturando produtos e riquezas. Engrenagens barulhentas que colocam o pão em bocas famintas. Caminhões em profusão levando o suor e trazendo dignidade. Emprego aos borbotões. Gente feliz. Dinheiro no bolso.
Será que estes catastrofistas vivem em Marte pra ignorar os avanços na política industrial do município?
Além de se impressionar com o fabuloso Distrito, convoco o maldoso pra bater pernas no comércio da cidade. A grana que brota no Distrito circulando virtuosamente na Dona Gertrudes, Ademar de Barros e adjacências. Lojistas extasiados de tanto vender. Consumidores ensacolados e satisfeitos dançando ao som das maquininhas de cartão de crédito. Vendedoras sorridentes engordando os bolsos com polpudas comissões. Vagas de sobra. Plebe afortunada. Prosperidade de dar gosto.
A pregação da desventura segue em conversas no jardim. O hematólogo-jornalista Celso Jardim mostra todo seu apreço pelo sangue.
O sanguinário escriba decreta em tom fúnebre que o 1º de Maio não deve ser festejado.
Ora, caro Celso, não só de pão vive o homem. O povo tá feliz, as burras municipais estão abarrotadas de tanto arrecadar. Que mal há em proporcionar um pouco de circo à patuléia?
Outra coisa, colega, você que gosta tanto de jardim que até plantou um no seu nome, me responda com sinceridade: qual administração fez mais pelos jardins do que este mandarinato tucano? Jardim suspenso, jardim subterrâneo, jardim eletrônico com som estéreo e dolby surround. Tem até jardim normal.
Quantos paisagistas e jardineiros não foram empregados nesta farra jardinófila?
Agora, Celso, muito cá entre nós, emprego bom mesmo o prefeito quer dar para o seu vice a partir de 1º de Janeiro do próximo ano.
Diria o saudoso Mané Garrincha deste intento do alcaide em perpetuar os “mandatus tucanus”: “ele já combinou com os eleitores?”