domingo, março 06, 2005

Sanjatur

Leio por aí que um dos filhos de Lula convidou sua turma de amigos adolescentes pra uns dias de férias em Brasília.
O recreio da molecada, patrocinado pelo erário, teve vôo suntuoso em avião da FAB, estadia nababesca no Alvorada, churrasco picanhento na Granja do Torto, passeio de lancha no Paranoá, mergulhos acrobáticos nas piscinas do poder e visita turística aos gabinetes do Planalto.
Longe de mim embarcar no oba-oba maldoso da imprensa marrom, que viu uma utilização indevida dos aparelhos públicos. Lulinha e sua prole estão embriagados com as mordomias palacianas e não é pecado que compartilhem com os seus estas benesses.
Cá na província crepuscular consta que o prefeito também tem um filho adolescente. O escriba sabe, ainda, que o clã do Nelsinho não é dado a deslumbramentos ‘nouveau riche’. De qualquer forma, austeridade à parte, ninguém está livre de ‘cinco minutos de bobeira’. E se a bobeira acometer a família do Turquinho Nicolau, a coluna desde já apresenta um rol dos possíveis passeios. A conferir:
O transporte dos jovens seria feito num velho ônibus do Expressinho São João. A lataria do veículo, claro, estaria revestida com a histórica pintura multicolorida. Já o interior do busão seria todo remodelado: frigobar carregado, poltronas de couro e videogames de última geração recheariam o coletivo dos Crepúsculos.
A meninada seria hospedada no Casarão. Óbvio que esta hospedagem não seria pelas deliciosas pizzas lá servidas. Gente!, que banho de história, a turistada juvenil dormiria na sacrossanta ex-mansão da Beloca.
Bacana demais também seria o roteiro gastronômico. Paradas obrigatórias pra degustação: no Bar do Pitarelo e seu apetitoso passado, na Praça Zé Pires para o quibe do Jacob e as guloseimas da padaria da dona Elza, na Dom Pedro II para o inigualável sorvete de macaúba. O city-tour calórico passaria, ainda, pelos locais dos já finados Bar do Formiga e Bar Canecão, onde o guia louvaria em prosa e verso os lendários baurus destas extintas tabernas.
Se na corte a molecada se divertiu com lanchas velozes no lago Paranoá, cá nesta Sanja a distração se daria em prosaicos passeios a remo sobre as águas turvas do caudaloso Jaguari. Este singrar seria conduzido pelo professor João Scanapiecco que, com sua habitual sapiência, despejaria sobre todos lembranças de fatos e boatos sobre o rio.
Os trampolins da Esportiva seriam visitados sob a batuta do professor-artista Marcondes que, entre braçadas e mergulhos, prosearia sobre o glorioso passado da equipe de natação dos Tigres da Mogiana.
Também não poderiam faltar incursões pelo verdejante caminho da Serra da Paulista, audição da banda dominical na praça Joaquim José e uma noitada fervilhante nos bailões rurais do Noca e/ou do Chico Cachoeira.
O augusto programa pode, todavia, não agradar à patota dos amigos do filho do rei. Se isso acontecer, o escriba se compromete a franquear a casa 208 da Tereziano Vallim, donde ninguém sai emocionalmente imune às histórias contadas sobre a vó Fiuca e suas incríveis peripécias de viagens pelos rincões desta pátria Brasil.