sábado, março 05, 2005

'Inducacá'

Há pouco mais de 11 anos atrás, um casal de adolescentes com a razão soterrada por uma avalanche de hormônios, concebeu uma criatura para vir a este mundo. O ato foi impensado (ou melhor, foi pensado em função do prazer, não da paternidade), mas a conseqüência, o filho, foi o quê de melhor poderia acontecer na vida de um moleque que mal e porcamente sabia onde estava seu nariz.

Às 18 horas do dia 23 de Dezembro de 1989 o pediatra João Carvalho abriu as portas do centro cirúrgico da Santa Casa com uma criança enrolada num pano azul e exclamou ao embasbacado atirador do Tiro de Guerra:

_ Pai, é homem!!!!

As palavras ditas pelo médico e a visão daquele pequeno ser todo enrrugado e com o saquinho roxo foram um divisor de águas na vida do então teenager imberbe.

Num primeiro impulso o pai-moleque caiu num choro convulsivo que misturava alegria e espanto. Logo depois, refeito do impacto emocional inicial, pensou: meu Deus, e agora?

Os anos se sucederam e um menino bonito, inteligente e carinhoso crescia para alegria e orgulho dos pais. Corujices à parte, esta profusão de adjetivos é a mais pura verdade. O menino, tenham certeza, é bom demais.

Como a paternidade muda a vida de uma pessoa. Antes dela, pensamos muito no eu, depois, tudo que fazemos, pensamos e sentimos é em razão dos rebentos. E tudo com uma satisfação enorme, com uma corujice tamanha, com um orgulho monumental, enfim, com um amor impossível de medir.

Laurinho, menino único, nestes 11 anos de vida fui um pai que teve algumas falhas, muitas falhas, mas posso dizer que tudo que fiz e faço é sempre com a melhor das intenções e, lhe afirmo que hoje sou um homem muito melhor do que há alguns anos atrás. E você é o grande responsável pela melhora da minha condição humana.

Hélio, meu pai e seu avô, não está mais entre nós. Mas, lá em cima, eu sei, ele está fumando seu cachimbo e comentando com o Todo Poderoso o orgulho danado que sente do neto.

P.S. O leitor deve estar perguntando o quê é "inducacá". Na verdade, nem eu sei. Quando Laurinho começou a balbuciar as primeiras palavras ele soltou este aglomerado de sílabas. Hoje, ainda, brincamos muito tentando traduzir o quê o então bebê queria dizer com esta palavrinha exótica. Ainda não descobrimos.