sábado, março 05, 2005

Insidiosa moléstia

Manhã da última terça-feira e uma colega de trabalho recebe ligação do marido relatando que os Estados Unidos estão sendo bombardeados. Num primeiro momento acho que é pilhéria de mau gosto. Não era. O gerente liga a TV da agência e imagens de pânico e explosões cinematográficas são repetidas em todos os canais. A vida imitou a arte de Hollywood num dia de cão na ilha de Manhattan.
Inacreditável. São absolutamente inacreditáveis as imagens do ataque terrorista à Nova York. O ousado terror internacional perfurou o coração da América atacando ícones do seu domínio militar e econômico.
Na noite do mesmo dia estas linhas vão sendo paridas sob flashes e reflexões renitentes das estampas dantescas que a mídia propagou. Uma terça-feira horrível no calendário da humanidade.
A maioria da comunidade internacional, consternada, manifesta o pesar pela tragédia. Os palestinos, ao contrário, na eterna e insana guerra santa, saem às ruas e cenas de uma nauseante celebração do ódio esmurram a cara do mundo civilizado.
Não é de hoje que a Casa Branca atua com arrogância e prepotência no cenário político global. Mas, daí a querer usar o terrorismo como ferramenta de ação política contra o poderio norte-americano vai uma enorme distância. Em qualquer tempo, de guerra ou paz, não há justificativa para feitos do gênero.
Capitalismo globalizado, fanatismo religioso e opressão econômica às nações pobres. Este coquetel de fatores explica, em parte, o ocorrido em NY. Ou não explica nada. Nada. Não sei. Não consigo pensar. O choque provoca anestesia mental.
Sei lá pessoal, não é hora de julgar nada nem ninguém. É o momento de esquecer mercado financeiro, petróleo e dólar. O mundo precisa parar, ponderar e respirar.
A humanidade está padecendo de grave moléstia. O tumor do ódio se espalha como uma metástase fatal. Ou repensamos as relações políticas e econômicas internacionais ou seremos devorados pela doença.

p.s. Doença esta que se manifestou, também, com virulência na vizinha Campinas. O prefeito Toninho foi mais uma vítima da insidiosa moléstia.