domingo, março 06, 2005

Tucanices de um vice arrependido

Nos bastidores palacianos deste pequeno reino de verdes montanhas e majestosos crepúsculos, corre o boato que os monarcas estão sendo importunados por sátiras em forma de crônica. Dizem, ainda, os rumores, que as linhas reproduzidas abaixo não foram publicadas em outro veículo da corte por razões alheias à vontade do autor.
Para que a entourage do palácio e os baba-ovos de sempre não pensem mal dos soberanos e estes se vejam obrigados virem a público publicando desmentidos e esclarecimentos, o autor destas profanas escrituras faz questão de frisar a natureza ficcional das mesmas.
À crônica, então, platéia democrática de maltrapilhos membros da plebe rude e ostentosos medalhões da burguesia:
“O morde-assopra já está virando rotina na tucanagem graduada desta Sanja de belos crepúsculos.
Vejam se não tenho razão, incautos leitores.
Refestelados no conforto de seus lares e embalados por muitas doses de drinques alcoólicos, os tucanos de cúpula desatam o vernáculo e, em arroubos de nítida franqueza, metralham palavras pra todos os lados. Com a pontaria pouco calibrada, recebem uma saraivada de críticas do eleitorado e, arrependidos, percebem que os tiros acertaram seus próprios pés.
Desta feita, o vice-prefeito Plínio Sinete que, apreensivo com a repercussão da entrevista publicada semanas atrás, envia uma retratação, ou, como dito no primeiro parágrafo, um assopro pra tentar atenuar o ardor das mordidas.
Meio a contragosto mas respeitando um princípio basilar do bom jornalismo, este rabiscador, que de jornalista não tem nada, cede espaço para a mensagem do “number two”:
“Querido Lauro, em nosso bate-papo, publicado outro dia num jornal desta cidade, fiz uma série de declarações equivocadas. Estes equívocos, devo admitir, foram frutos da alta ingestão de Martini. Os absurdos ali contidos foram emitidos por um homem em estado de torpor etílico. Peço ao povo que releve os impropérios e aceite minhas desculpas.
Quando você me indagou sobre o trabalho do vice-prefeito, em nenhum momento eu quis dizer que vice não faz nada de efetivo para a cidade. O quê realmente eu quis dizer, e esta é a pura expressão da verdade, é que vice vive em estado permanente de ócio, só tendo esta enfadonha rotina quebrada por solenidades festivas carentes de importância para o desenvolvimento do município.
Em outro momento eu disse que o Laércio é muito centralizador e aceita poucos palpites. Meu Deus, o que a bebida faz com as pessoas!!!! O prefeito não é nada disso. Ele simplesmente tem pendores por decisões solitárias e é avesso a qualquer opinião que não saia do seu próprio umbigo. Era isso o quê devia ser dito e não aquela bobagem publicada.
Esta minha boca maldita também acusou o alcaide de ser um viciado em trabalho e de ter a bunda grudada na cadeira. De novo falei asneira. Laércio, na verdade, tem uma compulsão doentia pra exercer a função laboral de chefe do Executivo sanjoanense. Quanto à bunda grudada faz-se necessário corrigir que suas nádegas não estão grudadas. Elas estão é aderidas ininterruptamente ao assento de trabalho do gabinete.
Pra finalizar este mea culpa, na resposta sobre a origem do meu sobrenome, pode ter passado uma falsa imagem de preconceito contra os homossexuais quando eu brinquei que Sininho era coisa de boiola, de fada de Walt Disney. Caramba!!! Como eu posso ser preconceituoso se tenho tantos amigos gays?! Inclusive meu mordomo, o Bonilha, é pederasta assumido. Pra que não fique no ar qualquer dúvida sobre esta questão, eu e o Laércio nos comprometemos, desde já, a desfilar na avenida Paulista, na próxima Parada Gay, fantasiados de Batman e Robin.
Que fique também bem claro, somos heteros convictos e este desfile bem humorado será só em solidariedade à causa das minorias. Estamos apoiando e não aderindo.
Certo da verdade restabelecida, desejo a você e seus leitores um 2002 repleto de sucesso.
Um grande abraço, Plínio Sinete”